Mas afinal de contas o que é a Espiritualidade?

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Parece que finalmente a palavra Espiritual, está a deixar de pertencer aos domínios das religiões e crenças dogmáticas e a passar a ser aceite como um aspecto fundamental de todo o ser humano, assim como os restantes aspectos físicos, mentais e emocionais.

Todo o ser humano é mental, emocional, físico e espiritual, o que não significa que tenha que ser religioso, mas, graças à consciência ainda predominante, a crença de que a alma ou a essência do ser é domínio das religiões, ainda é muito forte e por isso mesmo o tema “espiritualidade” ainda é olhado com alguma desconfiança ou descrédito por parte de toda uma sociedade que se diz racional e que por segurança (do seu ego) assenta os seus pilares em medidas materiais provenientes de princípios Newtonianos entre outros.

Mas, se a era do materialismo-ciêntifico foi e é tão importante para o nosso desenvolvimento e conforto, primeiro porque permitiu questionar o monoteísmo existente que baseava tudo na fé, criando pontes para que o homem procurasse respostas por si e segundo porque nos trouxe o avanço tecnológico que esteve na base da revolução industrial, porque é que o aspecto “espiritual” passou a ser considerado tabu?

O conceito que está plasmado no inconsciente do ser humano é que a espiritualidade é inimiga da ciência e vice-versa, é como se uns pertencessem a uma equipa de futebol e outros fossem a equipa adversária, quando no fundo a equipa é a mesma mas cada um tem uma função específica no todo que é o Ser.

Mas afinal de contas o que é a Espiritualidade e porque é que é tão importante e ao mesmo tempo tão assustadora?

Não é mais nem menos do que o conhecimento profundo sobre nós próprios, ou seja a consciência do nosso próprio universo. É assustadora, porque ao tomarmos consciência de quem realmente somos dificilmente conseguiremos continuar a viver ou a aceitar determinados valores ou experiências nas nossas vidas, o despertar da nossa espiritualidade poderá pôr em causa tudo o que aprendemos ou tudo o que julgamos saber, e é obvio que o nossos aspectos mentais e emocionais não estão preparados para isso, até porque desde há muito que eles são convenientemente formatados para serem seguidores.

O despertar da consciência da humanidade irá com certeza pôr em causa todos os sistemas de controlo implantados há milénios, e que nós transportamos geração após geração, e isso ainda assusta, principalmente os controladores, que são os arquétipos, os padrões, os valores que fundamentalmente se alimentam da energia do medo.

Se olharmos à sociedade actual, à economia, às finanças, às religiões, à política, facilmente compreenderemos que todas elas estão fundamentadas no pilar da separação, ou seja existem uns e outros, expressões como competitividade, concorrência, disputa, ser melhor ou ser pior, são o prato cheio para quem defende que há que “dividir para reinar” o que por si só é uma ilusão, o que nos leva a um caminho extremamente reactivo, ou seja, assistimos hoje a políticas, finanças, planos económicos, relações e práticas religiosas perigosamente emocionais e nada eficientes que nos poderão empurrar para o abismo social e humano. Mas acredito que é o caminho necessário para que possamos finalmente olhar para o aspecto mais profundo dentro de nós próprios, que é a nossa essência ou a nossa verdade, e só assim iremos compreender que a separação é uma ilusão.

A espiritualidade é o que nos permite distinguir das formigas, que relativamente ao humano, elas só têm a consciência do seu pé, não tendo nenhuma percepção do resto do corpo, o mesmo acontece connosco quando não estamos espiritualmente despertos, simplesmente acreditamos que só existe em nós o que percebemos com os 5 sentidos físicos, o que é muito pouco e de facto limitado, ignorando todo o outro corpo enorme e poderoso que nos sustenta e nutre, que é a nossa essência ou a nossa consciência maior.

Agora faço uma pergunta simples, a quem poderá interessar que o ser humano descubra que não é um ser dependente, frágil e limitado e por isso submisso a um conjunto de regras e leis tão pouco “humanas” no sentido da “uma unidade”? Talvez a todos que defendem a expressão “dividir para reinar”, ou a todos os nossos aspectos que necessitam de controlar tudo, neste caso o mental e o emocional. O que eu quero dizer com isto, é que por incrível que pareça o maior obstáculo ao nosso despertar espiritual é o nosso próprio mental/emocional, estes aspectos preferem manter-nos na ilusão que somos dependentes e que necessitamos ter alguém, um mestre, um guru, um governo que nos proteja e ilumine, e de preferência que seja alguém que não agite muito as águas, do que aceitarem que esse mestre está dentro de nós e que tem a sua própria verdade.

Já imaginaram o que seria das grandes instituições se de repente as pequeninas começassem a perceber que não precisam delas para nada? Ou dos “lideres” que já não obtivessem mais adeptos em nome da protecção, ou das relações fundamentadas no mais forte ou no mais fraco?

Já imaginaram se verdadeiramente pudéssemos praticar o verdadeiro livre arbítrio, de acordo com a nossa vontade interior ao invés da nossa vontade emocional, tão subtilmente manipulada por tudo aquilo que nos chega do exterior através dos cinco sentidos?

Arrisco a dizer, que poderíamos nos tornar perigosamente mais felizes, prósperos, solidários, criativos e acima de tudo Livres.

Mas para que esse “perigoso” despertar aconteça, e uma vez que a sociedade em geral sofre de um sono muito profundo, o barulho do despertador terá que ser no mínimo estridente e insistente, para que não voltemos a adormecer novamente. Todas as quedas de estruturas que estamos a assistir e há muito previstas, fazem parte desse despertar global, chama-se a este processo “não ficar pedra sobre pedra”, porque só assim poderemos construir o novo e abandonarmos de vez as velhas formas.

É urgente uma nova consciência política, financeira, económica, social entre outras, mas ainda continuamos a tentar reanimar o velho, o que já foi e já não é mais. Eu sei que não é fácil mudarmos, mas não temos alternativa, por isso há que deixar o medo de lado e seguir em frente com novas abordagens aos problemas. Todos os dias assistimos á nossa classe política com uma pá na mão a desenterrar mortos, aos economistas e financeiros com os seus velhos modelos nas mãos a defenderem o que já não funciona, ao povo que somos todos nós à espera de um salvador, às conversas ou monólogos dos grandes empresários a dizerem mais do mesmo, ou seja nada que efectivamente mude a nossa realidade, às crianças e jovens desnorteados porque não revêem em nós os modelos de prosperidade e abundância que tanto necessitam, muito pelo contrário.

Mas então o que podemos fazer? Qual a solução?

Primeiro que tudo, parar! É urgente parar, desligar o motor, só assim deixaremos de estar sob a pressão tão conveniente dos movimentos exteriores a nós próprios, e deixando de estar sob pressão, conseguiremos ouvir com melhor clareza o que a nossa essência tem para nos sugerir, e neste caso refiro-me também à essência de Portugal. Mais vale fazer uma cura total do que andarmos constantemente a colocar pensos rápidos, mais vale ouvir todos os nosso órgãos do que simplesmente o fígado ou o coração porque aparentemente é o que dói mais, mas para conseguirmos ouvi-los, precisamos desentupir os nossos canais auditivos de censura, julgamento, opiniões próprias, medos, arrogância, etc, em seguida é necessário criar um plano que envolva todos e afecte todos da mesma maneira, sem que os interesses de uns se sobreponham aos interesses do todo. Tenho consciência que nesta altura muitos dirão “Isso é uma utopia” e eu respondo: Já foi! Agora, é a única alternativa e assim o tempo o dirá….é só uma questão de tempo, ou então como dizem os mais cáusticos, de sofrimento.

É importante tomar consciência que as lideranças dos próximos tempos, serão lideranças de mudança, o que significa que não ficarão por muito tempo, farão o seu papel e entregarão aqueles que têm como missão estabelecer um novo mundo, os jovens. E por isso carreirismo político ou empresarial nesta altura está fora de questão, e quem está sentado ou quer se sentar na cadeira do poder para sempre, que tome muito cuidado, porque a própria história de Portugal diz-nos que isso pode ser muito perigoso.

Estamos todos firmes no nosso posto para apoiar a mudança, com todos os aspectos menos agradáveis que possa trazer, desde que seja realmente uma mudança de consciência, de atitude, de visão em que o grande propósito seja a construção de um mundo mais equilibrado e justo, e ao contrário do que pensamos, nós não somos pequenos. Somos um povo grande em alma, em sabedoria e em coragem, está na altura de despertarmos e lembrarmo-nos de quem somos.

Povo Lusitano, povo de luz.
O verdadeiro significado da nossa bandeira, representa o sangue que se mistura com o pó e do nada se faz o todo.


Cristina Leandro Faria


Fonte: Extraído de artigo publicado pela Fundação do Ser em http://www.fundacaodoser.com/




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