A Sombra Humana

Um Trabalho Sagrado
A brave new world...

Ainda é capaz de se recordar de quando era criança? A maneira como era capaz de expressar todas as suas emoções sem reprimir o que quer que fosse? E é capaz de se recordar da idade que tinha quando lhe começaram a ensinar a ser bem educado e a reprimir estados emocionais considerados “maus”?

Muito provavelmente as pessoas à sua volta não olhavam com bons olhos a expressão de emoções fortes como a raiva, o medo, a mágoa e até a alegria desmesurada. Quantas vezes foi envergonhado por chorar, castigado por ficar com raiva, ridicularizado por mostrar medo, ou admoestado por mostrar orgulho por ser quem era?

Talvez fosse ainda muito pequeno para poder recordar-se. Talvez fosse ainda muito pequeno quando começou a ter sentimentos de mágoa profundos e a aprender que a melhor forma de se proteger destas mágoas era guardar os seus sentimentos bem dentro de si.

E desde essa altura carregamos esse saco no nosso subconsciente, reprimindo uma grande parte de quem somos. Queremos agradar aos outros e queremos que alguém nos venha salvar. Este saco é o responsável por nos travar quando caminhamos em direcção aos nossos sonhos e à totalidade que sempre fomos. Algumas pessoas mal conseguem andar tal é o peso do saco que carregam.
 
Neste saco podemos encontrar tudo aquilo que pensamos que não somos ou não podemos ser. O problema desta situação, como Carl Jung afirmou, é que aquilo que não queremos ser não nos deixará ser. A isto Jung chamou de “Sombra Humana”.

A nossa sombra são todas as partes de nós que rejeitámos, deserdámos ou negámos. A sombra são as qualidades, positivas e negativas, que temos receio de mostrar aos outros. Na sombra de escuridão (negativa) poderá encontrar alguém com muita raiva, mágoa, inveja, mentira, ciúme, egoísmo. Na sombra de luz poderá encontrar alguém criativo, empreendedor, carinhoso, altruísta, saudável. E sem nos apercebermos podemos gastar uma grande parte da nossa energia a simplesmente manter estes aspectos escondidos, dentro do saco. E assim andamos cansados e sem energia para viver a plenitude da vida.

Ao percorrer o Caminho da Sombra podemos começar a abrir o saco e espreitar para dentro de nós. Começamos a ver todos as nossas qualidades que em alguma altura da nossa vida decidimos que não deveriam fazer parte de nós. Este saco, muitas vezes com um peso brutal, quando começar a ser exposto à luz irá mostrar-nos quem somos de verdade. Irá mostrar-nos a totalidade que somos. E irá permitir-nos sermos completos.

Uma das formas de descobrir a sombra é estar atento aquilo que faz sem querer.
Quando se encontra a repetir um padrão comportamental involuntário pode ter a certeza que a sua sombra é quem está a controlar a sua vida. Outra forma ainda de descobrir a sua sombra pode ser feita através do fenómeno que se chama projecção. Jung afirmava que só conseguimos ver nos outros o que já se encontra em nós. O que tem tendência a criticar e julgar nos outros? É a sua sombra. Não é fácil de descobrir que faz precisamente aquilo que critica porque fá-lo de tal maneira que não se apercebe.

Sempre que der por si a reagir de maneira inapropriada ao comportamento de outros pode ter a certeza que se trata de uma projecção da sua sombra.

Efectuar o Caminho da Sombra significa acender as luzes sobre a totalidade que é. Trazer para a luz os seus aspectos deserdados e rejeitados. Uma oportunidade de explorar o mundo interior que tem o poder de controlar a sua vida por forma a tornar-se mais de quem é.

Uma oportunidade de fazer as pazes com as mágoas, as vergonhas, as culpas, as raivas e os medos do passado. Sobretudo é uma forma de abraçar, aceitar e amar a totalidade que é e aprender a utilizar todas as suas qualidades para manifestar a vida que deseja para si.

No centro de cada sombra humana há uma fonte de poder ilimitado. A nossa sombra é como uma mina de ouro escondida à espera de ser encontrada. Nesta mina há criatividade, coragem, auto-estima, amor, compaixão e todas as ferramentas necessárias para avançar na sua vida.


FONTE: in "A Sombra Humana", Emídio Carvalho (Terapeuta de Reflexologia)

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